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Chegou a hora de contar as histórias delas

O Projeto vi.Elas busca, por meio de um processo de apuração em Juiz de Fora (MG), registrar o legado de mulheres que ajudam a construir a cidade

por Alice Lannes

A relação entre gênero e o espaço físico é mais intrínseca do que podemos imaginar. No artigo “Entre distopias e utopias conjunturais: o lugar e o papel das mulheres das cidades brasileiras”, as autoras Yara Neves e Jéssica Rossone discutem a relação histórica entre a cidade e o corpo feminino. Ainda, durante o texto, elas buscam como referência “O Calibã e A Bruxa”, de Silvia Federici. 

A obra tem como tema central o processo de privatização de terras na Europa durante o século XV e na América durante o século XVI. Mas, a perspectiva adotada por Federici, demonstra como essa movimentação afetou, principalmente, as mulheres da época. Por não aceitarem as novas regras impostas por esse processo de privatização, algumas foram acusadas de bruxaria e queimadas em fogueiras como modo de punição.

Esse é apenas um exemplo de centenas de casos da história da nossa civilização que nos levaram a chegar ao ponto central: o nascimento do projeto vi.Elas. As mudanças sociais e o uso do espaço físico foram responsáveis por redefinir o papel da mulher na sociedade. 

Para entender melhor esse processo, entrevistamos Yara Neves, uma das autoras do artigo citado anteriormente. Ela é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia.

Para ela, “As cidades são um reflexo das formas de organização da nossa sociedade, por isso elas têm como base as necessidades de uma sociedade patriarcal e capitalista e seguem uma lógica funcionalista e racionalista que acabam por acentuar a dominação masculina sobre o território”.

Entretanto, ela também ressalta que mesmo que estes espaços não privilegiem o corpo feminino, “estes seguem ocupando e utilizando a cidade diariamente e de uma maneira muito mais complexa que os homens, uma vez que a mulher ainda é a principal responsável pela cadeia do cuidado nas estruturas familiares atuais”. E é através desse princípio que o vi.Elas entrou em ação!

A partir da compreensão desse papel da mulher no espaço geográfico, nossa equipe decidiu contar a história de figuras femininas que dão nome a algumas das ruas de Juiz de Fora, cidade da Zona da Mata de Minas Gerais. Elas, que apesar de serem homenageadas, ainda representam uma parcela muito pequena da cidade. De um total de 4.877 endereços, apenas 536 são dedicados a mulheres. Dentre os nomes, temos: 29 ruas com nomes de professoras, três ruas com nomes de doutoras, 23 ruas com nomes de santas e sete avenidas. 

Além disso, durante o nosso processo de apuração, enfrentamos dificuldades em encontrar registros delas. As buscas se concentraram em dados disponíveis no site oficial do IBGE e da prefeitura, arquivo histórico da UFJF e Municipal, dados disponíveis em outros sites online, fontes diretas, entre outras. Essa questão, por si só, já representa outro problema relacionado ao apagamento da memória de figuras históricas relevantes. 

E é exatamente por isso que a nossa iniciativa espera ser muito além do que uma simples série de reportagens documental. Nós buscamos também ser uma ferramenta de perpetuação da memória dessas mulheres e uma semente para um novo jardim que irá florescer cheio de igualdade, valorização e exaltação do feminino!

Disciplina de Jornalismo Digital 2024.3
Faculdade de Comunicação | Universidade Federal de Juiz de Fora  - MG

Desenvolvimento: Alice Lannes e Marcos Vinícius

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